Operação da Polícia Federal investiga descontos indevidos em contracheques de beneficiários; escritórios funcionam sem identificação e levantam suspeitas

Pelo menos três das 11 entidades investigadas pela “Operação Sem Desconto”, da Polícia Federal, têm atuação em Belo Horizonte. A investigação apura fraudes envolvendo descontos não autorizados nos contracheques de aposentados e pensionistas do INSS, feitos em nome de associações e sindicatos supostamente voltados ao apoio da categoria.

Entre os alvos está o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical (Sindnapi/FS), que mantém uma pequena sala na Rua Guajajaras, no Centro da capital mineira. A entidade é comandada por Luiz Carlos Miranda, ex-deputado estadual eleito em 2010 pelo PDT, atualmente filiado ao Solidariedade. O envolvimento de uma figura política conhecida aumenta a repercussão do caso e chama atenção para a estrutura por trás das entidades investigadas.
Outra entidade, a União Nacional de Auxílio aos Servidores Públicos (Unaspub), funciona em uma casa no bairro Itapoã, na Região Norte da cidade. A reportagem esteve no local, mas não foi atendida. Vizinhos relataram que a sede tinha uma placa na fachada, retirada recentemente — o que pode indicar tentativa de se esquivar da fiscalização.
Já a Caixa de Assistência dos Aposentados e Pensionistas do INSS opera em uma sala sem identificação na Rua São Paulo, também no Centro de BH. A responsável, identificada apenas como Sheila, não estava presente no momento da visita. A funcionária no local informou que não tinha autorização para fornecer contato nem o nome completo da gestora, que aparece como única sócia no quadro societário da entidade.
Em comum, essas organizações oferecem serviços variados — como assistência jurídica, telemedicina, lazer e sorteios — mas não deixam claro em seus canais de comunicação que cobram contribuições mensais. Para se inscrever, o aposentado precisa fornecer dados pessoais e o número do benefício do INSS, o que possibilita a realização dos descontos.
A Polícia Federal ainda apura o alcance das fraudes, que podem envolver milhares de aposentados em todo o país. A recomendação é que os beneficiários fiquem atentos ao extrato de pagamento do INSS e denunciem qualquer desconto não reconhecido diretamente ao órgão ou por meio da Ouvidoria.