
Timóteo, MG – Um homem que vivia debaixo de uma ponte sobre o canal do Ribeirão Timotinho, na região Centro Norte da cidade de Timóteo, foi retirado do local nesta terça-feira (25) por uma equipe da Vigilância Patrimonial da Prefeitura de Timóteo. A operação, que contou com o apoio da Polícia Militar, envolveu garis, um caminhão e uma retroescavadeira para remover os pertences do morador, mas foi realizada sem a presença de representantes da Secretaria Municipal de Assistência Social.
A remoção do morador de rua, identificado como Alair Dimas, chamou atenção para a construção do Supermercado Coelho Diniz, que ocupa uma grande faixa de terra do município ao lado do local de onde ele foi retirado. A expansão do supermercado foi autorizada pela Câmara de Vereadores por meio de uma lei que aumentou a área de construção em troca do serviço de remoção de uma rede pelo próprio supermercado. A aprovação desse projeto de lei foi questionada no Ministério Público de Minas Gerais por um grupo de vereadores que votaram contra.
Sem resistência
Alair Dimas, ao receber a notificação, deixou o local sem resistência. A Polícia Militar verificou que ele é timotense, não possui antecedentes criminais, não faz uso de fumo nem de bebida alcoólica. Alair está matriculado no curso de Educação de Jovens e Adultos (EJA) oferecido pela Secretaria Municipal de Educação de Timóteo.
Dificuldades e opção
Alair afirmou estar nas ruas há cerca de 10 anos, desde o falecimento de sua mãe, com quem residia. Segundo ele, após essa perda, sua vida se desestruturou completamente, levando-o à condição de morador em situação de rua. “Ao contrário do que algumas pessoas pensam, morador de rua não é um marginal. Eu optei por morar aqui sozinho. Nunca quis companhia. Tenho filhos e netos, que não residem no Brasil. Não sou pedinte, trabalho todos os dias e sou bem relacionado com os comerciantes e comerciários aqui no Centro Norte”, disse Alair.
Ele também mencionou que sua recente candidatura para representar a minoria nas eleições deste ano trouxe visibilidade à sua situação, resultando em perseguição. “Foi o meu post circular na rede social, a minha invisibilidade e o meu sossego acabaram. Muita perseguição”, relatou Alair Dimas, de 60 anos, dizendo que não sabe onde passará as próximas noites.
A remoção de Alair e a construção do supermercado ao lado de onde ele vivia evidenciam as complexas interseções entre desenvolvimento urbano, políticas públicas e a situação dos moradores de rua.