Eloá tinha 15 anos quando foi morta pelo ex em sequestro em SP. ‘Era como uma filha”, disse mãe da adolescente sobre Maria Augusta, uma das 5 pessoas que receberam órgão de Eloá. Segundo a família da transplantada, ela foi internada com Covid no dia 25 e morreu nesta segunda
Os pais da estudante Eloá Cristina da Silva Pimentel, morta a tiros pelo ex-namorado durante sequestro em 2008 em Santo André, na Grande São Paulo, lamentaram nesta terça-feira (4) a morte da vendedora Maria Augusta da Silva dos Anjos, de 51 anos, que havia recebido o coração da filha deles após o crime.
Segundo a família da transplantada, Augusta faleceu na segunda-feira (3) em decorrência de complicações da Covid-19, no hospital particular onde estava internada em Paraupebas, no Pará. Ela era casada, não tinha filhos e morava em Canaã dos Carajás, interior do estado.
“Eu não esperava essa notícia. Eu estava torcendo para a Augusta se recuperar. Para mim foi muito triste. Minha família, meus filhos estão tristes. Até porque amanhã [5 de maio] minha filha Eloá faria 28 anos se estivesse viva. Augusta era como uma filha para mim também, pois ela carregava o coração de Eloá”, disse ao G1 a autônoma Ana Cristina Pimentel, de 54 anos, mãe de Eloá. “
“Augusta ficou maravilhosa depois que recebeu o coração de Eloá, mas essa doença [Covid] a pegou e a matou”, completou Ana Cristina.
“Ficamos sabendo e lamentamos o falecimento da Maria Augusta”, falou à reportagem Everaldo Pereira dos Santos, 56, pai de Eloá.
Eloá teve a morte cerebral anunciada pelos médicos em 18 de outubro de 2008. O assassino era um entregador de pizzas de 22 anos. Ele não aceitava o fim do namoro. De 13 a 17 de outubro de 2008, a imprensa transmitiu ao vivo o sequestro, com seu desfecho trágico.
c="https://pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js">O sequestrador foi julgado em 2012. Acabou condenado a mais de 90 anos de prisão por 12 crimes. A pena foi reduzida depois pela Justiça para 39 anos. Atualmente ele está preso em Tremembé, interior paulista.
Órgãos doados a cinco pessoas
Cinco pessoas receberam órgãos de Eloá que foram doados por Ana Cristina e Everaldo, pais da jovem. Foram transplantados coração, pulmão, córnea, fígado, rim e pâncreas.
Augusta foi uma das receptoras. Havia ganhado o coração no dia de seu aniversário, em 20 de outubro de 2008. Na segunda à tarde, ele parou de bater, segundo a fisioterapeuta Jeanne Carla Rodrigues Ambar, sobrinha dela. De acordo com a sobrinha, a morte de Maria Augusta foi causada por complicações da Covid.
“Ligaram do hospital no final da tarde e hoje foi o dia escolhido: Nosso Pai celestial recolheu a Augusta para a vida eterna, para morar ao seu lado, para abraçá-la e dizer ‘Ah filha, que bom que você chegou, vem aqui perto do Papai’. Hoje, chegou ao fim todo seu sofrimento, sem remédios, sem cirurgias, sem agulhas, sem máquinas… apenas a grandiosa face de Deus!”, escreveu Jeanne em sua página pessoal no Facebook.