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COVID-19: ”O que vai acontecer é um massacre”, diz ex-diretor do Ministério da Saúde

Written by adminab

O sistema de saúde de Guarulhos, na Região Metropolitana de São Paulo, está no limite. Na última quinta-feira, um dia após o governador João Doria (PSDB) anunciar a flexibilização da quarentena no estado, 100% das unidades de terapia intensiva (UTIs) da cidade estavam ocupadas. Ao divulgar o plano, composto por cinco fases, o governo paulista estabeleceu uma série de indicadores para o flexibilização gradual. A capacidade ociosa de leitos é um deles.

As cidades que circundam a capital foram divididas em cinco subáreas. Elas devem apresentar, juntas, propostas para retomar as atividades. Enquanto isso não ocorre, apenas os serviços essenciais podem funcionar. Para aderir à retomada gradual, que começa nesta segunda em parte do estado, os municípios terão que seguir, também, outros critérios, como o uso obrigatório de máscaras, a continuidade das medidas de distanciamento em áreas públicas e a redução da curva de infectados.

“O que vai acontecer um massacre. Quem está morrendo? Pretos e pobres”

Júlio Croda, ex-diretor do Ministério da Saúde

“Quando um paciente de uma cidade que não tem UTI precisa de um leito, ele é encaminhado a uma das vagas disponíveis naquela macrorregião. A decisão de flexibilizar ou restringir o isolamento tem que ser tomada em conjunto, entre todas as cidades de uma macrorregião. Todas serão impactadas por um aumento no número de casos. As cidades não podem ser olhadas individualmente, pois 80% dos nossos municípios têm menos de 20 mil habitantes e a maioria não conta com leitos de UTI”, explica.

Segundo ele, a ausência de diretrizes vindas do governo federal torna complicada a situação enfrentada por unidades federativas e cidades. “Sem o apoio da presidência e com estados e municípios pressionados pela iniciativa privada para reabrir mesmo sem leitos, o que vai acontecer é um massacre. Quem está morrendo? Pretos e pobres, que moram em comunidades carentes, onde o vírus circula mais intensamente, já que a população de baixa renda não consegue cumprir o distanciamento social. Nas classes altas, o vírus circula menos e há mais leitos no setor privado. Em compensação, nas classes pobres, há mais circulação e faltam leitos”, afirma.


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