Fonte: G1
Presidente recebeu jornalistas neste sábado (21) no Palácio da Alvorada, defendeu controle do Ministério Público e disse que errou ao declarar que repórter tinha ‘cara de homossexual terrível’.
O presidente Jair Bolsonaro disse neste sábado (21) que, se “não tiver a cabeça no lugar” ele “alopra”, ao se referir à exposição de sua família provocada pela divulgação de informações sobre a investigação do Ministério Público do Rio envolvendo um de seus filhos, o senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ).
Ele deu a declaração a jornalistas durante uma conversa de mais de duas horas no Palácio da Alvorada, em Brasília.
“O processo está em segredo de Justiça? Te respondo: está, né? Quem é que julga, é o MP ou o juiz? Os caras vazam e julgam? Paciência, pô. Qual é a intenção? Estardalhaço enorme. Será porque falta materialidade para ele e equivale ao desgaste agora? Quem está feliz por essa exposição absurda na mídia? Alguém está feliz. Agora, se eu não tiver a cabeça no lugar, eu alopro”, disse Bolsonaro.
O Ministério Público diz que “as provas permitem vislumbrar que existiu uma organização criminosa com alto grau de permanência e estabilidade, entre 2007 e 2018, destinada à prática de desvio de dinheiro público e lavagem de dinheiro”.
O presidente disse que há “abuso” do Ministério Público no caso envolvendo o filho e defendeu controle do MP.
“A questão do MP está sendo um abuso. Qualquer um nota. Qual a interferência minha? Zero” , afirmou o presidente.
“Todo poder tem que ter uma forma de sofrer um controle. Não é do Executivo, é um controle. Quando começa a perder o controle, busca pelo em ovo…Eu sou réu no Supremo, sofri muito processo, os mais variados possíveis”, completou ele.
Na entrevista, Bolsonaro também afirmou que:
- não deveria ter dito que um repórter tinha ‘cara de homossexual’
- o foco da economia em 2020 será a criação de empresas
- o caso Marielle não está sendo bem conduzido pelo MP do Rio
- a possibilidade de ele estar com câncer de pele foi afastada
- ainda está discutindo eventuais vetos ao projeto anticrime
- trabalhará pela instituição do voto impresso
- é favorável a candidaturas avulsas
Declaração a jornalistas
O presidente também disse neste sábado que “erra” e que “não deveria” ter dito a um repórter que ele tinha “cara de homossexual terrível.”
Bolsonaro deu a declaração na sexta (20), durante entrevista a jornalistas na porta do Palácio da Alvorada, ao ser questionado sobre o que deveria acontecer com o filho, Flávio Bolsonaro, se ele tivesse cometido algum deslize.
“Você tem uma cara de homossexual terrível. Nem por isso eu te acuso de ser homossexual. Se bem que não é crime ser homossexual”, respondeu.
Protesto das entidades
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal repudiou o que chamou de mais um violento ataque do presidente Jair Bolsonaro a jornalistas.
O sindicato citou levantamento da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), segundo o qual, neste ano, o presidente dirigiu ao menos um ataque à imprensa a cada três dias.
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), afirmou que o presidente assediou moralmente os repórteres e que teve atitude semelhante em mais de dez ocasiões neste ano.
A Abraji destacou ainda que apoiadores do presidente acentuam o clima de intimidação aos repórteres na porta do Alvorada. E a entidade ressaltou:
“Atacar jornalistas como forma de evitar prestar informações de interesse público e receber aplausos de apoiadores é ação incompatível com o respeito ao trabalho da imprensa, fundamental para a democracia.”